2011/05/18

ODE AOS OITENTA





Enfim os oitenta

Me vejo no espelho e nada me contenta
Olho para os pés e vejo que mijei neles

Outra vez

Fecho o zíper da calça e prendo o saco
Mordo os lábio para não gritar
E constato que ia sair sem a dentadura

Outra vez

Lá embaixo pessoas me esperam
Já nem lembro para quê
E nem lembro mais quem são

Outra vez

Há! São os meu filhos, ou creio que sejam!
Minhas mãos tremem, mas não de emoção...
Pela cara esqueci os comprimidos.

Outra vez

Procuro pelos óculos e rezo
Espero que não tenha dado a descarga neles
Outra vez

E eles querem comemorar
O quê?



Nenhum comentário: